DELMIRO GOUVEIA E A EDUCAÇÃO NA PEDRA

Publicado 03 - Jan - 2020

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O cearense Delmiro Gouveia (1863 – 1917) tornou-se um personagem inspirador das mais diversas narrativas na História do Brasil, sobretudo por suas iniciativas nos sertões das Alagoas.

Há quase um século, se considerarmos que ele tem sido alvo dos comentários de políticos, jornalistas, artistas e intelectuais, o “Coronel dos Coronéis” foi narrado como negociante herói popular, patrão cruel, sonegador de impostos, antecipador dos debates ambientalistas, modernizador de hábitos e costumes. A Pedra, situada no sertão alagoano, a sua última morada, acabou conhecida como “a cidade de Delmiro”, o lugar em que, como escreveu

Graciliano Ramos, tudo estava sempre na mais perfeita ordem. Todavia, um traço das ações de Gouveia permanecia inexplorado. Qual o tipo de trabalho por

ele realizado na educação dos seus empregados? Qual o influxo que Delmiro teve para o surgimento de escolas e a contratação de professores na Alagoas sertaneja nascente do século XX?

Edvaldo Nascimento começou a responder tal questionamento. Munido de um acervo riquíssimo, sendo parte deste material inédita nos estudos sobre Delmiro Gouveia, o professor Edvaldo apresenta aos leitores um painel sobre a constituição das escolas nos tempos em que a Pedra era comandada pelas mãos centralizadoras de Gouveia. Para o negociante cearense, a preocupação parece ter sido fornecer os elementos básicos da leitura e da escrita, pois só desta maneira os seus negócios teriam os recursos humanos adequados. Tenha sido esta a intenção ou movido por sentimento mais nobre, Delmiro Gouveia ajudou a posicionar a pequena vila do sertão das Alagoas em um quadro de destaque nos tempos em que os caminhos da educação formal ali pouco se faziam notar além da capital.


A pesquisa de Nascimento revela um investigador dedicado, de devoção beneditina ao oficio de estudioso das coisas de Delmiro Gouveia. Mais do que isto, evidencia principalmente um professor que não perdeu a fé no seu ofício e que oferta ao povo da sua cidade um presente incomum nos dias atuais. Ao oferecer este livro, ao apresentar as idas e vindas da educação através de Gouveia nos primeiros tempos da vila da Pedra, Edvaldo Nascimento nos convida a pensar quais os caminhos que Alagoas deve trilhar para que seja a educação do seu presente, e não um intervalo de menos de uma década do século passado, o grande motivo de orgulho para sua gente.


Dilton Cândido Santos Maynard

Departamento de História – Universidade Federal de Sergipe

Programa de Pós-Graduação em História – UFS

Grupo de Estudos do Tempo Presente




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